Cidade dos Afetos – O futuro das cidades, cidades do futuro

1. O início

No trabalho com as escolas foram definidos os afetos como o aspeto central a desenvolver no âmbito da educação sexual. A sua aplicação em experiências concretas abriu caminho para uma vasta utilização em vários contextos e ao desenvolvimento do movimento “Escola de Afetos, Escola de Sucesso”.

Alunos e professores saíram dos muros da escola e em conjunto com os serviços de saúde souberam envolver outros parceiros em todo o tecido da comunidade, quer entidades públicas, quer privadas. Consolidar este caminho exigiu um novo conceito, mais vasto, que se consubstanciou na bandeira “Cidade dos Afetos”. A maçã dos afetos que já era o símbolo da promoção da saúde nas escolas, transformou-se no símbolo da “Cidade dos Afetos”.

A “Maçã dos Afetos” foi a primeira grande iniciativa que se consolidou nas escolas. Conta coma participação de dezenas de escolas, centenas de professores e milhares de alunos. A sua exposição em espaços públicos de grande frequência deu uma dimensão comunitária à iniciativa.

O desenvolvimento do processo levou à proclamação das duas primeiras “Cidades dos Afetos” – Barreiro e Caldas da Rainha numa iniciativa conjugada dos respetivos Presidentes da Câmara e Delegados de Saúde, em 10 dezembro de 2014. Estas quatro entidades constituíram-se assim como os promotores do alargamento desta iniciativa e irão apadrinhar todas as novas adesões.


2. Pressupostos

A “Cidade dos Afetos” pretende chamar para o dia-a-dia das comunidades, os afetos como mecanismo fundamental de desenvolvimento alicerçado nos seguintes pressupostos:

a. Maior afetividade entre as pessoas diminui a violência, a agressividade gratuita e os conflitos inúteis, promovendo maior urbanidade, coesão social e tolerância, valores essenciais a uma comunidade desenvolvida.

b. O desenvolvimento de relações afetivas aos lugares, costumes e tradições locais permite a identificação das comunidades com as suas raízes e consequentemente a busca dum futuro assente nas potencialidades e recursos locais e numa perspetiva de desenvolvimento sustentável.

c. Uma terra sem passado é uma terra sem futuro, pelo que dar às novas gerações a dimensão da luta dos antepassados para a construir é uma forma de garantir a coesão cultural e o sentimento de pertença no futuro.


 3. Valores

Da prática do Movimento consolidaram-se alguns valores:

a) Os afetos, valor central do Movimento, são simultaneamente o conteúdo central do trabalho e a ferramenta relacional mais importante da rede.

b) Criatividade e inovação são uma base sólida de desenvolvimento, pois asseguram que possa existir uma atenção permanente da comunidade e sobretudo das camadas mais jovens, a quem se devem dirigir preocupações de uma educação de não violência.

c) Tolerância, que implica a aceitação do diferente como um potencial de melhoria da humanidade, pois todo o desenvolvimento na natureza ou na sociedade humana se faz pelo surgimento de diferenças.

d) Participação da comunidade através de instituições e cidadãos.


4. Atividades

Por ser um movimento aberto à comunidade, as atividades poderão ser múltiplas e diversificadas. Da experiência recolhida poderemos tipificá-las em dois grupos fundamentais:

a. Atividades âncora – São aquelas que podem congregar toda a comunidade num tempo único, dando dimensão comunitária, visibilidade, intervenção diversificada, participação alargada, e que serão da iniciativa dos promotores, como é o caso do “Dia dos Afetos” ou da “Semana dos Afetos” como aconteceu nas cidades do Barreiro e Caldas da Rainha. No Arco Ribeirinho as escolas têm também uma série de atividades âncora de modo a dar dimensão comunitária às atividades escolares relacionadas com a educação para a saúde. Estão neste âmbito a realização de exposições, de vários tipos e temas, Jornadas e formação de professores.

b. Atividades de iniciativa isolada – são as atividades promovidas por entidades aderentes à “Cidade dos Afetos” de forma isolada ou em grupo e que utilizando a simbologia da “Cidade dos Afetos” lembram aos cidadãos a condição da sua cidade e promovem os valores da “Cidade dos Afetos”.


5. Potencialidades de desenvolvimento

As potencialidades derivam diretamente da capacidade de atração que o conceito demonstra por parte de vários parceiros comunitários e da criatividade que demonstrem para, na sua área de intervenção na comunidade, desenvolverem atividades que se alinhem com o espírito e os valores da “Cidade dos Afetos”.

Para que esta potencialidade possa ser posta no terreno basta que a nível municipal os promotores, Câmara Municipal e Delegado de Saúde encontrem um programa de intervenção e mobilização dos parceiros.

O futuro passará por transformar atividades esporádicas em comportamentos do dia-a-dia e esse é o desafio que se nos coloca.


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